terça-feira, 1 de março de 2011

Uma Cigana; Parte 1



Voltei para casa furioso. Tive que engolir calado, tudo o que aquele maldito delegado cuspiu na minha cara. E ainda mais toda aquela história de 'fantasmas ajudantes'.
-Ainda bem que eu saí de lá, antes que ela me dissesse que o sobrenome dela era Winchester!-murmurei batendo a porta e jogando minha jaqueta no chão.
Me esparramei no sofá. Mas, eu ainda não conseguia esquecer aqueles olhos, místicos, de Belatricé. O que haveria neles? Seja o que fosse eles me trouxeram sensações sinistras. E eu ficara como um tolo parado no meio da calçada, com o boca escancarada, pasmado pela veracidade daqueles olhos fundos.
Não consegui mentir pra mim mesmo, que já fazia algum tempo que eu não analisava alguém com aqueles olhos, cumpridos, sagazes, e de certa forma apai... 
ARGTH! NÃO!
-Isso não ia acontecer, só por que ela me deu um fora, ela não vai virar a minha cabeça!- falei em voz alta.
Me levantei cansado, olhei para o relógio, nove e meia, mais eu não ia dormir, fui ao hall, peguei minha jaqueta, que estava largada no chão, e abri a porta. Consegui sair do prédio, depois de cumprimentar pessoas que eu nem sabia quem eram, talvez eu soubesse, mais minha cabeça estava cheia.
A brisa gelada da noite, me fez conseguir respirar fundo.
E eu fui andando sem rumo, como se algo me guiasse sem que eu percebesse, algo me puxava pelas ruas de Los Angeles.
Eu andava olhando para os meus pés.
-Sr. Declan Pryce?!- chamou uma voz rouca de mulher.
-Pois não?...-eu me virei, e levei um mega susto.
Jurava que a velha estava a uns bons metros de distancia, e no entanto agora ela quase me beijava.
ÉCA!
-Desculpe- ela deu uma risada falseta- A noite as pessoas costumam se assustar com facilidade, não é detetive?
-Num sei... Levam?- tentei ser sarcástico, mais só pareci mais idiota.
-Você se assustou agora, não?- eu não porque mais tive a leve impressão que ela estava zuando com a minha cara.
-Er...-respondi indeciso, ela piscou pra mim, como uma garota interessada. Um sorriso cheio de dentes amarelos, e presas podres- De onde a senhora me conhece?
Não pude evitar que os cantos dos meus lábios se curvassem para baixo.
-Essa não é a pergunta certa, Sr. Pryce. Deem-me sua mão- e ela estendeu a dela.
-A senhora é uma cigana certo?- percorri os olhos pela saia laranja, bordada
 em fios dourados, no estilo crepe, a blusa em conjunto com a saia, mais parecia um vestido.E uma sandália marrom humilde, os três dentes de ouro a mostra, e o cabelo para trás, com um arco dourado.
-Sim, eu sou- respondeu ela misteriosa- E vim especialmente, para você!
Eu pensei ter visto os olhos dela faíscarem, com uma luz vermelha que não estava ali antes. 


Um olhar quase assassino, e senti um calafrio percorrer a minha espinha. O que aquela velha queria comigo?

Continua...